Índios são foda. Acredito que todo mundo concorde comigo quando eu digo que uma civilização que sobrevive no meio da Floresta Amazônica, e quase não usa roupa, deve ser foda. Mas essa não é, na minha opinião, a grande virtude dos indígenas: acredito que seja a capacidade de pescar com lança. Os índios sabem, por exemplo, que você não deve mirar exatamente onde está vendo o peixe, e sim um pouco acima, pra acertá-lo.
Isso se deve a um fenômeno da óptica chamado "Refração". A luz, quando passa para um meio onde sua velocidade é diferente, muda a direção de sua trajetória de acordo com uma lei chamada "Lei de Snell". Daí o espertinho vai falar: "Peraí, quer dizer que a velocidade da luz não é fodásticamente grande e C-O-N-S-T-A-N-T-E?". O que acontece é que, no caminho que a luz percorre em determinado meio, ela encontre obstáculos (átomos), e é então absorvida e reemitida por esses átomos. É como um Físico tentando andar por uma calçada cheia de gente (Ver A arte de caminhar pelas calçadas ). Mas esse não é o caso. O caso é que os índios corrigem esse efeito da mudança de direção, quando pescam.
Mas por quê essa mudança na direção ocorre? Bem, é aí que entra o salva-vidas. A luz tende sempre a seguir o caminho que leva o menor tempo possível entre dois pontos, mas nem sempre esse caminho é uma linha reta. Imagine que uma pessoa esteja se afogando no mar, e o salva-vidas tem que chegar até ela no menor tempo possível. Você acha que o caminho percorrido é uma linha reta?
A resposta é não. O rapaz caminha muito mais rápido na areia do que na água, e isso é fato. A velocidade dele nos dois meios (areia e água) é diferente, e por isso ele deve tentar ficar um pouco mais de tempo na areia. A trajetória que ele deve percorrer, acreditem se quizer, é exatamente aquela prevista pela Lei de Snell.
Assim, os índios continuam pescando na Amazônia, e os salva-vidas que conhecem as leis da refração continuam sendo mais eficientes dos que os que não sabem.
Até a próxima.