sexta-feira, 27 de abril de 2012

"Se esse negócio não parar, eu saio."

Me perguntaram outro dia se o movimento de translação da Terra, ou seja, o movimento que ela faz em torno do Sol, não poderia ser considerado um moto continuo. A resposta é não. Por que? Vamos à explicação.
Moto continuo é um dispositivo hipotético que consegue reutilizar a energia gerada por seu funcionamento, ou seja, consegue se manter funcionado sem nenhuma fonte de energia externa. Por exemplo, um gerador ligado à um motor elétrico, onde o motor faz o gerador girar, ou uma bomba d'água que joga água pra cima, e aproveita a queda da água para produzir a energia necessária para jogar a água de volta pra cima. No entanto, tais dispositivos violam algumas leis da física, algumas impossíveis de ignorar, como a primeira e segunda leis da Termodinâmica. Se existe uma coisa que vocês devem saber, é "Com a Termodinâmica não se brinca".
De acordo com a primeira lei da Termodinâmica, uma máquina não pode fornecer mais energia do que aquela necessária para produzi-la. Eu sei, é uma pena, mas se você pensar bem, isso violaria um princípio mais básico que é o da conservação de energia: energia só pode ser transformada, nunca destruída ou criada.
Já a segunda lei da Termodinâmica impede que uma máquina possua 100% de rendimento, ou seja, consiga transformar toda energia fornecida a ela em trabalho. Um ciclo de moto continuo deve ser formado por um ou mais componentes desse tipo, o que o torna impraticável.
A Terra gira em torno do Sol, mas está longe de ser um sistema isolado. Nela atuam as forças gravitacionais do Sol, da Lua, de Júpiter, ventos solares... muitas fontes de energia externas que mantém seu movimento, o que, por definição, exclui a possibilidade do movimento de translação poder ser considerado um moto continuo.
Assim, o mundo segue girando, você pula e cai no mesmo lugar assim mesmo. Será que tem alguma coisa errada? Assunto para uma próxima.
Até mais.

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