sexta-feira, 25 de maio de 2012

Coincidências (parte 3)

Neste "episódio" final de Coincidências, vou tentar explorar como as ideias discutidas nas partes 1 e 2 nos ajudam a analisar o que são as coincidências que acontecem no dia a dia.
Você há de concordar que vivemos em um mundo pequeno. Você vai pra praia no feriado e resolve ligar pro seu amigo, pra tirar onda com a cara dele, de repente encontra com ele saindo da água. Isso, para muitas pessoas, é o suficiente para acreditar que algo sobrenatural acabou de acontecer.
Coisas desse tipo acontecem com todo mundo, em toda parte, em algum momento. As coincidências revelam um lado divertido na maneira como as probabilidades funcionam na vida. Coincidência é, primeiro de tudo, quando dois eventos fortemente relacionados não compartilham uma mesma origem causal. Duas coisas acontecem, a princípio relacionadas, mas ambas não são causadas pela mesma coisa: você encontra seu amigo na praia, mas não viajaram juntos nem combinaram de se encontrar.
Agora, por que tais coisas acontecem? Há muitas teorias interessantes a respeito disso. Paul Kammerer, australiano, já propôs que as coincidências surgem de uma força física básica, chamada "serialidade", enquanto dispensa a idéia supersticiosa que poderiam ligar, por exemplo, sonhos a eventos futuros. Achou a idéia estranha? Carl Jung (isso mesmo, o velhinho que eu sempre acho que é parente do Freud), atribuia à "sincronicidade", uma mistura atraente de telepatia, consciência coletiva e percepção extra sensorial como um "princípio conector acausal" que explicaria coincidências físicas e premonições.
Mas não vou mais viajar na maionese. Outras explicações menos extravagantes devem estar por trás das coincidências. Primeiramente, algum tipo de causa escondida ou fator comum pode estar presente - talvez você e seu amigo ouviram falar que Cabo Frio é muito bom nessa época do ano. Estudos de psicologia identificaram nossa capacidade inconsciente para a percepção de uma frase ou palavra ouvida recentemente, então notamos quando algo em que estamos pensando imediatamente aparece em uma música no rádio.
E é claro que nós só ouvimos falar das coincidências que ocorrem, e nunca as que não ocorrem. Então, se você pensar no que já sabemos até agora sobre teoria de probabilidades, e o quanto muitas probabilidades são muito maiores do que a gente imagina, passamos a perceber que coincidências têm muito mais a ver com números grandes: eventos pouco prováveis acontecem, se esperarmos tempo suficiente.
Até a próxima.

Links:
Algumas histórias de coincidências (em Inglês) podem ser encontradas em:
http://understandinguncertainty.org/coincidences#coincidences

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